terça-feira, 3 de julho de 2007

Monólogo

(como se os outros não fossem... tsc, tsc)

Os dias passam lentamente... mas quando vejo, já se foi um ano inteiro. Agora já faz mais de um mês da última vez que ouvi sua voz, logo será novamente seu aniversário. Ligarei? Não, não ligarei, mas também não esquecerei. Menti, disse a ele que só lembrei porque era aniversário de outra pessoa também, muito próxima. De fato, o é, mas eu lembraria, ainda que fosse em qualquer outro dia do ano. Assim como lembro de todas as outras datas "nossas", que ele nem deve fazer idéia: o dia em que nos conhecemos, o dia em que ele foi em casa, o dia de nossa primeira briga, o dia de cada um de nossos encontros, o dia em que nos despedimos para nunca mais nos encontrarmos. Ah, dá saudade. Também dá raiva. E, às vezes, um pouco de tristeza. Louca? Talvez. Mas não me lembro só dele, não. Teve o outro também, só mais um. Também lembro o aniversário e as demais datas. Mas não é a mesma coisa. Esse não me faz saltar o coração ao som de sua voz, não me faz lembrar a cada minuto de sua existência. Tá, tremeram as pernas quando o vi da última vez, depois de ter demorado uns 10 minutos para reconhecê-lo, rs. Mas esse é passado também, tão antigo quanto o outro, porém ainda presente. Tentei tornar o outro presente também, em vão. Não tenho coragem de trazê-lo de volta à minha vida. Ou não tenho vontade? De posse de seu endereço (longe pra dedéu), que fiz eu? Hoje é só mais um papelucho jogado no fundo de alguma gaveta. Se não quero, por que ainda busco, por que ainda sonho? Vai me entender. Tudo o que eu faço para esquecê-lo, só faz sua lembrança mais viva. Ok, seu rosto já não lembro mais, mas isso é detalhe. Lembro que as mãos eram grandes, incrivelmente muito maiores que as minhas. Os olhos eram muito pequenos, castanhos? A boca muito miúda, os cabelos muito finos e lisos, louros? Já não lembro mais. Às vezes, lembro-me do perfume. Hoje de manhã, passou um rapaz por mim na rua, e o cheiro no ar me fez falar fracamente, involuntariamente: "o perfume do _____". Só me restou seu nome e algumas páginas antigas de diário e de blog. Histórias que eu leio e releio, e a cada vez fica mais difícil acreditar no que está escrito. Era isso mesmo? Ou eu via algo que não era, interpretava os fatos como eu queria, como menos me doía? Já esqueci. Apaguei o homem, apaguei os fatos. Restou o sonho.


"Amores, tan extraños que vienen y se van
Que en tu corazón sobrevivirán
Son historias que siempre contarás
Sin saber si son de verdad

Son amores frágiles
Prisioneros, cómplices
Son amores problemáticos
Como tú, como yo
Son amores, frágiles
Prisioneros, cómplices
Tan extraños que viven negándose
Escondiéndose de los dos"
"Amores Extraños", Laura Pausini


(putz, de onde foi que eu tirei essa música??? Enfim, coloquei um trecho só... mas a letra inteira tem a ver... quem quiser ver: google it!)

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