sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Gelo

Novamente aquela dorzinha que incomoda, aquele sentimento de impotência diante do destino. O futuro, quem disse que é possível mudá-lo? Quem plantou essa semente de esperança e malogro na minha alma?

Em vão esperei por melhores dias. Tentei fazê-los belos, tentei me alegrar, e algumas vezes até consegui! Mas "vem de repente um anjo triste perto de mim"*. Quando eu mais estava eufórica, pensando no belo dia que viria amanhã, cai o peso do passado sobre minha cabeça, apenas para acordar-me de meu sonho.

E dói. A dor continua sempre e sempre, como se não quisesse ser esquecida. Maldita hora que eu prometi a ela que não a esqueceria jamais, maldita. Dizem que quanto mais pronunciamos uma palavra, mais ela perde de seu significado, mais banal ela se torna. Por isso digo tantas vezes maldito. Maldito, maldito, maldito. Porém esta parece não perder nunca seu significado de passado e tristeza.

Queria poder um dia cantar aquela música que diz: "heute klingt dein Name wie ein leeres Buch"** (hoje teu nome soa como um livro em branco). Mas ainda vejo em teu nome toda a nossa história. Em teu maldito nome soam todas as tuas palavras falsas, todas as minhas ilusões perdidas, e brilham todas as lágrimas que derramei por ti.

O futuro agora é turvo. Só resta o brilho das minhas lágrimas, e o brilho do gelo da minha alma. Só no Eterno Verão derreterá esse gelo.


* "Via Láctea", Legião Urbana
** "Dich zu töten fiel mir schwer", Lacrimosa

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