sábado, 26 de janeiro de 2008

Porta

De repente, a casa vazia. Sem móveis, sem cor, sem os cheiros e sem os risos (ou prantos) de outrora. Um olhar de adeus, a porta fechando, a chave virando - pela última vez.

O som da porta ao refletir nas várias paredes fazia o momento parecer ainda maior. O som duro, pesado, interminável.

Assim saí. Assim deixei para trás várias histórias, várias vidas. Fechei a porta. Joguei fora uma dezena de sacos de lixo. Levei só o que me era importante, o que me era bom, o que me era necessário: parti para tudo o que é novo.

Coloquei na mala os bons momentos, os risos de felicidade, as festas, o amor, a amizade; levei-a comigo. Deixei lá dentro, aprisionado, todo o resto. Não escaparão.



"Deixo toda a dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
No espaço
E volto sem olhar pra trás"
Os Paralamas do Sucesso, "Busca Vida"

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

No meio

Permaneço vagueando pelo caminho do meio. Ora dou um passo para um lado, ora para o outro. Mas mantenho-me no meio, sem decidir-me por qualquer deles em definitivo.

Não são os mesmos caminhos do outro texto, já perdido por aí, tanto tempo passado: São dois novos caminhos. E também sigo pelo meio.

O que será se ambos os caminhos, um dia, não forem mais paralelos? Se um vier de encontro a mim, ou ao outro? - ao outro!!! Decidir-me-ei por fim?

Talvez eu fuja, talvez eu dê meia volta, talvez eu ainda flerte com o caminho oposto, talvez eu queira seguir pelos dois.

Mas, por enquanto, o meio.


"There's got to be something better than in the middle"
The Wallflowers, "One Headlight"

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